terça-feira, 29 de julho de 2014

A arte do ator yoshi oida

    a arte do ator      yoshi oida

ator japonês e diretor teatral,  nascido em 1933, trabalha desde 1968 com o diretor inglês Peter Brook, tendo participado de montagens como Mahabharata e O homem que confundiu sua mulher com o chapéu. Esteve no Brasil  a convite da Cooperativa Paulista de Teatro e do Sesc, para o lançamento do seu livro Um Ator Errante,  uma conferencia e oficinas sobre sua experiência como ator. O depoimento que se segue foi montado a partir de entrevista concedido a Vintém, da qual participaram Alessandra Fernandez. Kil Abreu, Lauro Mesquita e Sérgio de Carvalho, acrescida de trechos da palestra realizada  no Teatro do Sesc-Pompéia no dia 1 7 de junho de 1999.

o que fazer?
Há 30 anos, quando eu fui trabalhar com o Peter Brook, ele me disse: não use nenhuma técnica japonesa.  Perguntei: O que eu faço então? Ele respondeu: eu não sei.

através das histórias
O melhor é procurar um tema que não se conheça bem. O objetivo da arte não é mandar mensagens, mas através das histórias descobrir qual o mistério do humano e a beleza do humano. E muito difícil se encontrar um bom projeto. Mas em qualquer projeto o objetivo é o mesmo: contar o mistério e a beleza da humanidade.

o charme do teatro
O charme do teatro não é o de ser uma arte, apresentada num palácio da cultura, o charme é o de conseguir, em qualquer lugar, abrir o coração do público.

gato brasileiro
No teatro há varias formas de andar. No teatro de Tchecov você anda quase que naturalmente. Às vezes eu quero usar um andar estilizado, mas estilizar não é só um conceito você precisa de uma técnica corporal. Cada pessoa tem um jeito de andar. Agora, um gato africano, um gato japonês e um gato brasileiro andam do mesmo jeito. Isto significa que em nossa vida nós estamos carregando nossos próprios hábitos. Nem quando andam naturalmente as pessoas andam da mesma maneira. Então, quando você for andar no teatro livre-se dos seus hábitos para poder pensar em algo mais e se abrir a sua emoção. A verdade do corpo é muito importante para que você atinja a liberdade.

abandono do estilo
Peter Brook diz que não busca um estilo, mas a base de uma relação humana. Se a pessoa se atém a um estilo acontece um combate, como se fosse de um cristão contra um islâmico, de um católico contra um protestante. Tem que se abandonar o estilo para surgir alguma coisa que permita uma relação.

ganhar sua comida
Na Inglaterra o ator folclórico não existe mais. Enquanto que no Japão, na Grécia, na África ainda existe esse tipo de ator. Quando atuei em Qui est lá fiz a cena da pantomima em Hamlet no estilo folclórico japonês. Um teatro completamente livre e muito popular. Um estilo tão sofisticado quanto o Kabuki. A base do teatro folclórico em qualquer lugar do mundo é a mesma: como um ator pode divertir as pessoas e ganhar sua comida.

perda de tempo
Se você não consegue se concentrar na vida, como quer se concentrar no palco? Diga, você só se concentra no palco por que as pessoas estão olhando para você? Na vida isso seria uma perda de tempo.

neurologistas e psiquiatras
O ator deve aprender a imitar o gesto, a atitude e o espírito. Quando observei os pacientes no hospital, também tentei ver como andavam e reagiam diante das perguntas dos médicos. Observei que os neurologistas são muito diferentes dos psiquiatras. Os psiquiatras são mais doces e os neurologistas muito diretos. Eu não falo do interior, mas da atitude desses médicos. Os psiquiatras falam muito baixinho, docemente, e os neurologistas são muito claros, duros, precisos.

modos de vida
Existem atores que acham que é melhor observar mas se você não acha isso necessário, não é necessário. Para mim, quando eu passo três meses observando problemas neurológicos isso é muito útil paira entender como funciona a doença mental. Não tanto como ator, mas como ser humano. O meu oficio de ator é interessante porque eu posso descobrir outras realidades. A vida não é descobrir como ser um bom ator. Mas atuar é uma boa ocasião para se aprender a viver. Atuar é estudar modos de vida.

Anuncío o lançamento do Livro o Ator Errado por Jorge Valmini

terça-feira, 15 de julho de 2014

BARAKA, BRECHT A ESTÉTICA DO TEATRO E O FILO

  


Baraka é um documentário sobre a humanidade e a natureza, suas belezas, contrastes, semelhanças e destruição. Ele revela quanto à humanidade está interligada, apesar das diferenças de religião, cultura e língua dos povos. Um verdadeiro poema visual, feito ao longo de 14 meses e filmado em 24 países, inclusive o Brasil. As imagens incluem um vasto registro de rituais religiosos, maravilhas naturais, processos de mecanização e diversos estilos de vida. O contraste e as metáforas visuais criados pelo diretor norte-americano Ron Fricke provocam reflexão, relaxam e inquietam. As musicas envolventes e os efeitos sonoros contribuem para que Baraka seja uma experiência marcante. Um documentário sem narração ou legenda, somente imagens e sons cuidadosamente capturados. Baraka mostra que a raça humana e seus diferentes ciclos de vida estão vinculados ao ritmo da natureza, e faz uma surpreendente análise do mundo e de quem vive nele. A palavra Baraka pode ser traduzida como “benção” ou “o fôlego, a essência da vida”. Originário do sufismo, uma doutrina mística do Islã que prega a “nostalgia do infinito”, em que o espírito do ser humano emana da divindade para qual ele anseia voltar. Assim como no islamismo, no judaísmo e no cristianismo, esse espírito é também compreendido como um vento, um sopro de Deus.





BRECHT A ESTÉTICA DO TEATRO

Nenhum outro autor dramático do século XX vem conseguindo manter-se atuante nos palcos do mundo de modo tão significativo quanto Bertolt Brecht. A quase totalidade de seus pares fez-se ausente, ou de aparição mais ou menos rara (a grande exceção, entre nós, é o teatro de Nelson Rodrigues). Mas não é tanto esse sucesso das peças de Brecht, sem dúvida merecido, que suscitou o interesse do autor do livro. Gerd Bornheim deixou-se motivar, em primeiro lugar, pelo excepcional nível da meditação estética de Brecht, que acompanha o desdobramento de toda a sua obra. Não será exatamente exagero afirmar que em nenhum outro dramaturgo da história do teatro ocidental a preocupação estética se mostra tão extensa e exibe tão alto nível quanto nas atividades deste autor, que foi antes de tudo um homem de teatro, voltado em primeiríssimo lugar para prática cênica. O denodo de Bornheim não está em construir o que não existe – uma doutrina completa, fechada, definitiva; nada mais estranho à constante inquietação brechtiana. Bornheim pretende, isto sim, expor de modo claro e conciso as idéias de Brecht através de suas mutações, até alcançar o que se poderia chamar de incompletude radical das cogitações do genial autor alemão: o teatro, para ele, nunca chega a ser suficientemente dialético. E, mais ainda do que a exposição que se quer elucidativa, Bornheim embrenha-se na discussão das idéias estéticas de Brecht, incitado, nisto, por uma constatação em tudo exemplar: Brecht é o autor que conseguiu problematizar a totalidade dos aspectos da sempre instável aventura teatral.

 

CULTURA E POLÍTICA

Historicamente, os trabalhadores da cultura se defrontam, em nosso país, com fatores de ordem social, econômica ou política que, embora circunstancialmente, eternizam a minimização da questão cultural como desimportante frente a crises e emergências prioritárias. O desconhecimento crônico que afeta o universo intelectual de grande parte de nossos parlamentares e governantes, somado ao negativismo passivo que assola o frágil organismo social, contribui para a des/memória e a alienação cultural, portanto política, do nosso povo. Persiste, mais por conveniência, entretanto, o (pré) conceito de que cultura não é essencial, “pode ficar para depois”.

Adia-se o enfrentamento da questão com o equivocado raciocínio de que isso não tem conseqüências concretas imediatas e, sobretudo, eleitorais. De que desse lado não haverá pressões. Ledo engano! Só não vê quem amarrou seu próprio nariz no coto umbilical. Essa atitude, pelo contrario, está gerando uma cultura da violência, da omissão, do desespero, da roleta russa, com graves repercussões sociais, políticas e econômicas, demandando projetos emergenciais de altos custos para a nação e quase sempre insuficientes para uma solução de base.

O estado é social, ma a nação é cultural. Por isso, a construção cultural é a base para o reconhecimento de uma identidade própria e o ponto de partida para a configuração de um projeto político.

O Festival Internacional de Londrina https://www.facebook.com/filooficial se propõe aos artistas e à população como alternativa à mediocrização política e intelectual e como referência de perseverança e lucidez quando escasseiam motivos para a esperança.
Como dizia o velho poeta (René Char): “A lucidez é a ferida mais próxima do sol”.

NITIS JACON Diretora do Festival.     
                                   
O filme, o livro e o festival são partes de um todo em movimento. O ano é 1992. Comprei o livro assisti ao filme e fui ao festival. Em Londrina assisti Kazuo Ohno. Else Marie Laukvik no espetáculo Memória do Odin Teatret. Em Caxias do Sul fazíamos através da Associação Caxiense de Teatro o lançamento da Revista Máscara e integrávamos o Fórum Permanente de Cultura. O grupo teatral Kaleidoscópio apresentava Um Deus nos Acuda. Reflexões para Caxias do Sul meio século de teatro A Arquitetura do Movimento

A Festa do pequeno grande ser

  A Festa do pequeno grande ser Estreou em 14 de janeiro de 1990                Elenco na estreia: Alceu H. Homem, Leonilda Baldi, Jenic...