sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Caxias do Sul Cosmopolita




                                     CAXIAS DO SUL COSMOPOLITA



         Começa com o exercício do desapego. Entendo que a minha existência e tão importante quanto à de um cachorro. A diferença parece está na consciência. Tendo consciência dessa condição vou escrever um livro sobre a minha vida. Afinal sou tão importante quanto. O primeiro capítulo será: Eu e a cidade. E por ser o início da história vou escrever no final. E começar pelo Segundo capítulo: A cidade e os poetas. A idéia parece óbvia, nasci e cresci aqui. A cidade está em mim! Certa. Seta que conduz. Ando pela Rua Sinimbu. Pela Julio de Castilhos. Ruas vazias! Quase. É janeiro. Fevereiro. Comecei o texto no passado. Ano. São as estações.  Passando. Calor em fevereiro. Passo apressado. Lembro da escrita na camiseta de um jovem (universitário): “Não existe história, o que existe é memória.” Memória de guri. Memória de gari. Atravesso a rua do guia Lopes. Lembro da fala de um amigo: “A cidade são as pessoas”. Placa turística indica: Igreja do Santo Sepulcro.  Associação de idéias: lembro de um artigo do Jayme Paviani afirmando: “para entender a cidade é necessário distanciamento”.  Longes irei para te entender? Vou a Berlim. Década de vinte. Ensemble Brecht.  Vou e volto. Viagens físicas e mentais. Porto Alegre é natural. Amsterdã cartão postal. E volto. É fevereiro ando. Sinimbu arquibancadas para o espetáculo. Pessoas trabalhando. E lembro: “É do interior.” “Cresceu e não desenvolveu.” “Pequena São Paulo.”

A cidade está em mim. E os poetas? Estão nesse corpo de concreto e ajudam a entender a cidade objeto. Caxias do sul. É também Caxias do norte. Tem poeta daqui. E há poeta que se importe! Olmiro de Azevedo escreve diante de uma foto antiga em 1905: “A princípio era a floresta apenas, e o sol e o vento./ E a cidade surgindo, de leve, a medo, ao longo do traçado da via sinuosa, que seria primeira rua um dia./ era terra moça que se dava inteira aos casais que vinham de longe com a coragem o amor dos fortes.” 

  








Força é virtude necessária aqui. E José Clemente Pozenato versa:
“... No entanto
                   como vibra a vida em tuas ruas
e ostensivamente
                         viras as costas
                         aos mortos
porque só consideras herói
quem se agüenta vivo
e mais que vivo
                      forte.”


Teu nome, Pérola das colônias muda. Não tua essência. Eduardo Dall’Alba escreve:
“Esta cidade não é.
Não é estação de trem.
Só daqui a cem. Por enquanto
o céu noturno estrelado lúgubre
ilumina pequenos tigres
e informa campo dos bugres.”


É fevereiro. Caminho. Calor a chuva refresca. Sabor a uva desperta. Tem festa. Ruas cheias. Quase. 

“Sigo a Júlio do Odegar Júnior Petry  



A vitrine reclama atenção

A fila do banco amanhece

O cinza do céu

A dança dos guarda-chuvas

Carros lotam cruzamentos

da Júlio”

Escuto teus desamores! “Tem síndrome do trabalho.” “Não sabe divertir se.” “Faltam espaços de lazer.” “Não têm cultura.” Olho e vejo Senegaleses jogando futebol na Praça Raimundo Magnabosco. Olho de baixo para cima. Dinarte Albuquerque. Um olhar sobre a cidade.  
“olho-a
às vezes de cima
& ela às vezes cisma
q é maior
q todos nós”



E se não fossem os nós o que seria de nós? Soma-se aos que escrevem os que atuam. Os que fazem a cidade. Anônimos ou populares.     
Esta cidade é universal. Culturas se encontram. É lado A. É lado B. É Oriente: Índia, Japão, Tibete. Há tanta África aqui que alguns tentam negar. Senegal, Haiti, Porto Príncipe, Angola, quanta capoeira, é regional é passado, é presente, é futuro, é flamenco, Árabe é Itália, Polônia, Rússia, Portugueses, Alemães e bem antes, talvez os mais fortes: Ibiás, Kaáguas, Kaingángs.   
Esta cidade é multinacional. São empresas, pequenas, médias e grandes, são faculdades, profissionais estrangeiros, professores multiplicadores, pesquisadores.
Esta cidade é internacional. Adota e exporta artistas de todos os gêneros e classes sociais. Reflito pelo leque: são orquestras, eruditas, e populares. Atores, cantores do nacional ao regional. Todos os sabores. Bailarinos do clássico ao contemporâneo. Danças de salão, de rua. Músicas “cover” e autorais.       
         Caxias do Sul é cosmopolita. É multicultural tanto em dias de chuva como em dias de sol. É cômica e trágica no mesmo dia. Por isso reconhecimento para alguns movimentos e entidades que cultivaram e cultivam Na alegria da diversidade!
Aliança Francesa, www.afcaxias.com.br; Academia Caxiense de Letras www.academiacaxiensedeletras-rs.com, Cio da Terra. Associação Caxiense de Teatro - ACAT, Grupo teatral Míseri Coloni  www.misericoloni.com.br, Núcleo de Artes Visuais www.navi.artecaxias.blogspot.com.br, Grupo Raízes.









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