sexta-feira, 13 de junho de 2014

A Commedia dell'Arte na Formação do Ator


Na Renascença italiana, commedia dell’arte, commedia all’improviso e commedia a soggetto foram termos usados praticamente como sinônimos do tipo de teatro profissional que se opunha à “COMMEDIA ERUDITA”, apresentada por amadores nas cortes e academias. Arte essencialmente de PALCO, de desempenho, com pouco ou nenhum valor literário, a commedia dell’arte não possui raízes conhecidas. Muitas teorias procuram estabelecer essas origens, desde a que aponta a “FABULA ATELLANA” como possível fonte, até a que diz ter sido a commedia uma manifestação que evoluiu da FARSA do final da Idade Média. O que é provável é que várias tenham sido as origens e o que é indiscutível é que antes de 1600 esse tipo de teatro já tivesse se espalhado por toda a Europa, permanecendo ativo e popular até cerca de 1750. A commedia dell’arte possui duas características básicas: a organização em torno do princípio do PERSONAGEM FIXO, e a AÇÃO parcialmente improvisada. Esta IMPROVISAÇÃO, provavelmente, variava de acordo com um repertório anteriormente determinado, o que criava uma impressão de improvisação irrestrita, espontânea e de grande virtuosismo por parte do ATOR. Os principais personagens eram divididos em duas categorias, a dos patrões e a dos criados, ou “ZANNI”. Dentre os patrões destacavam-se o CAPITÃO, PANTALEÃO e o DOUTOR. Os criados compreendiam o ARLEQUIM, a figura mais popular da commedia, POLICHINELO e COLOMBINA. As companhias de commedia dell’arte eram invariavelmente itinerantes, e sua constituição, durante muito tempo, obedeceu ao esquema familiar, embora contassem também com atores contratados. O sistema de viagens compreendia a chegada à cidade, a obtenção de permissão para apresentar o espetáculo, o aluguem de uma sala espaçosa para instalar-se. Contudo, a adaptabilidade sempre foi uma constante na vida desses grupos, que muitas vezes fizeram espetáculos ao ar livre, sobre um praticável qualquer sem CENÁRIO, CORTINAS ou qualquer outro elemento cênico. Companhias de commedia dell’arte se fizeram famosas através de toda a Europa, tais como “I Gelosi”, “I Confidenti” e “I Fedeli”. A vivacidade, o humor e o estilo narrativo da commedia dell’arte influenciaram o que de melhor foi feito em termos de comédia na Europa entre os séculos XVI e XVIII. Quando o GÊNERO entrava em declínio, apelando exclusivamente para a vulgaridade e licenciosidade, alguns comediógrafos italianos tentaram preservá-lo através da criação de textos nos quais as situações tradicionais, bem como os personagens, fossem mantidos. Contudo, o espírito de um movimento de performance, não literário, não podia ser preservado literariamente, muito embora Carlo Goldoni (1707-1793) tenha criado algumas boas peças baseadas na commedia dell’arte. Dicionário de Teatro Luiz Paulo Vasconcellos.


Nas paredes da caverna Des Frères nos Pirineus, encontramos os primeiros indícios referentes ao uso da máscara. O desenho executado com traços precisos, retrata um banho de bodes selvagens no pasto. Um deles, entretanto, tem pernas e pés ao invés de patas. As mãos que aparecem parcialmente através de uma couraça empunham um arco e flecha. Trata-se, evidentemente, de um caçador disfarçado. Supõe-se que ele até se besuntou com estrume de bode para dissimular o próprio cheiro. Esta tentativa exacerbada de metamorfose revela uma certa técnica.
O ritual de disfarces através do uso de peles e máscaras de animais faz parte das tradições da maioria das culturas. Esta prática, foi aos poucos, dando origem à figura do ator: uma pessoa que dominava o uso de máscaras, embora de forma bem diferente do caçador.
Sabemos que as máscaras da commedia dell’arte encontram raízes na Grécia antiga e no romano. E é sabido que o teatro grego tomou emprestado muitas características das tradições teatrais do Oriente e do extremo-oriente: por exemplo uma máscara de Bali lembra muito o personagem Pantaleão de Bisognos; uma máscara de um homem velho que traz estampada a mesma coragem, o mesmo sorriso zombeteiro, olhos fundos e feições estilizadas.
Diante da máscara de Boccalone, o orador prolixo, um observador curioso pode ser levado a perguntar por que esta forma determinada foi escolhida ou por que a boca lembra um megafone. É importante levar em consideração as dimensões amplas do teatro grego, que algumas vezes comportava até 20 mil espectadores. O ator projetava e amplificava sua voz falando por este instrumento em formato de funil. Na verdade todas as máscaras eram feitas de forma tal que cada detalhe intrínseco prestava-se à criação de vibrações sonoras não apenas singulares com também de tonalidades variadas.
Á princípio atuar com uma máscara torna o ator constrangido e até desajeitado. Com o tempo e a prática, ele se livra desta limitação e pode até se sentir mais espontâneo do antes. Existe uma regra para quem usa máscara: ela não deve nunca ser tocada. Se tocada, desaparece – se autodestrói e torna-se repulsiva. Ver um ator tocar em sua máscara enquanto atua me dá arrepios.
Manual Mínimo do Ator Dario Fo    

Utilizo a máscara desde a infância nas brincadeiras e jogos. E no teatro não seria diferente: vários personagens mascarados.    
No período de 2 a 6 de junho participei do Curso “A Commedia dell’Arte na Formação do Ator” com Adriano Iurissevich. Uma semana convivendo com atores e atrizes de diversos grupos teatrais da cidade e de diferentes formações.
Adriano Iurissevich mostrou um mestre bem humorado os atores discípulos comprometidos. Somos melhores, Caxias e o Teatro ganham! Parabéns Míseri Coloni e Fabio Cuelli.

    
             

Um comentário:

claudia lulkin disse...

que legal,profe!
assim no palco como na vida....num momento mágico....penso que só o clown SALVA....

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