Na
Renascença italiana, commedia dell’arte,
commedia all’improviso e commedia a soggetto foram termos usados
praticamente como sinônimos do tipo de teatro profissional que se opunha à
“COMMEDIA ERUDITA”, apresentada por amadores nas cortes e academias. Arte
essencialmente de PALCO, de desempenho, com pouco ou nenhum valor literário, a commedia dell’arte não possui raízes
conhecidas. Muitas teorias procuram estabelecer essas origens, desde a que
aponta a “FABULA ATELLANA” como possível fonte, até a que diz ter sido a commedia uma manifestação que evoluiu da
FARSA do final da Idade Média. O que é provável é que várias tenham sido as
origens e o que é indiscutível é que antes de 1600 esse tipo de teatro já
tivesse se espalhado por toda a Europa, permanecendo ativo e popular até cerca
de 1750. A commedia dell’arte possui
duas características básicas: a organização em torno do princípio do PERSONAGEM
FIXO, e a AÇÃO parcialmente improvisada. Esta IMPROVISAÇÃO, provavelmente,
variava de acordo com um repertório anteriormente determinado, o que criava uma
impressão de improvisação irrestrita, espontânea e de grande virtuosismo por
parte do ATOR. Os principais personagens eram divididos em duas categorias, a
dos patrões e a dos criados, ou “ZANNI”. Dentre os patrões destacavam-se o
CAPITÃO, PANTALEÃO e o DOUTOR. Os criados compreendiam o ARLEQUIM, a figura
mais popular da commedia, POLICHINELO
e COLOMBINA. As companhias de commedia
dell’arte eram invariavelmente itinerantes, e sua constituição, durante
muito tempo, obedeceu ao esquema familiar, embora contassem também com atores
contratados. O sistema de viagens compreendia a chegada à cidade, a obtenção de
permissão para apresentar o espetáculo, o aluguem de uma sala espaçosa para
instalar-se. Contudo, a adaptabilidade sempre foi uma constante na vida desses
grupos, que muitas vezes fizeram espetáculos ao ar livre, sobre um praticável
qualquer sem CENÁRIO, CORTINAS ou qualquer outro elemento cênico. Companhias de
commedia dell’arte se fizeram famosas
através de toda a Europa, tais como “I Gelosi”, “I Confidenti” e “I Fedeli”. A
vivacidade, o humor e o estilo narrativo da commedia
dell’arte influenciaram o que de melhor foi feito em termos de comédia na
Europa entre os séculos XVI e XVIII. Quando o GÊNERO entrava em declínio,
apelando exclusivamente para a vulgaridade e licenciosidade, alguns
comediógrafos italianos tentaram preservá-lo através da criação de textos nos
quais as situações tradicionais, bem como os personagens, fossem mantidos.
Contudo, o espírito de um movimento de performance,
não literário, não podia ser preservado literariamente, muito embora Carlo
Goldoni (1707-1793) tenha criado algumas boas peças baseadas na commedia dell’arte. Dicionário de Teatro Luiz Paulo Vasconcellos.
Nas
paredes da caverna Des Frères nos Pirineus, encontramos os primeiros indícios
referentes ao uso da máscara. O desenho executado com traços precisos, retrata
um banho de bodes selvagens no pasto. Um deles, entretanto, tem pernas e pés ao
invés de patas. As mãos que aparecem parcialmente através de uma couraça
empunham um arco e flecha. Trata-se, evidentemente, de um caçador disfarçado.
Supõe-se que ele até se besuntou com estrume de bode para dissimular o próprio
cheiro. Esta tentativa exacerbada de metamorfose revela uma certa técnica.
O
ritual de disfarces através do uso de peles e máscaras de animais faz parte das
tradições da maioria das culturas. Esta prática, foi aos poucos, dando origem à
figura do ator: uma pessoa que dominava o uso de máscaras, embora de forma bem
diferente do caçador.
Sabemos
que as máscaras da commedia dell’arte encontram raízes na Grécia antiga e no
romano. E é sabido que o teatro grego tomou emprestado muitas características
das tradições teatrais do Oriente e do extremo-oriente: por exemplo uma máscara
de Bali lembra muito o personagem Pantaleão de Bisognos; uma máscara de um
homem velho que traz estampada a mesma coragem, o mesmo sorriso zombeteiro,
olhos fundos e feições estilizadas.
Diante
da máscara de Boccalone, o orador prolixo, um observador curioso pode ser
levado a perguntar por que esta forma determinada foi escolhida ou por que a
boca lembra um megafone. É importante levar em consideração as dimensões amplas
do teatro grego, que algumas vezes comportava até 20 mil espectadores. O ator
projetava e amplificava sua voz falando por este instrumento em formato de
funil. Na verdade todas as máscaras eram feitas de forma tal que cada detalhe
intrínseco prestava-se à criação de vibrações sonoras não apenas singulares com
também de tonalidades variadas.
Á
princípio atuar com uma máscara torna o ator constrangido e até desajeitado.
Com o tempo e a prática, ele se livra desta limitação e pode até se sentir mais
espontâneo do antes. Existe uma regra para quem usa máscara: ela não deve nunca
ser tocada. Se tocada, desaparece – se autodestrói e torna-se repulsiva. Ver um
ator tocar em sua máscara enquanto atua me dá arrepios.
Manual Mínimo do Ator
Dario Fo
Utilizo
a máscara desde a infância nas brincadeiras e jogos. E no teatro não seria diferente:
vários personagens mascarados.
No
período de 2 a 6 de junho participei do Curso “A Commedia dell’Arte na Formação
do Ator” com Adriano Iurissevich. Uma semana convivendo com atores e atrizes de
diversos grupos teatrais da cidade e de diferentes formações.
Adriano
Iurissevich mostrou um mestre bem humorado os atores discípulos comprometidos. Somos
melhores, Caxias e o Teatro ganham! Parabéns Míseri Coloni e Fabio Cuelli.
Um comentário:
que legal,profe!
assim no palco como na vida....num momento mágico....penso que só o clown SALVA....
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