segunda-feira, 30 de junho de 2014

Programa de Fomento ao Teatro Caxiense


PROGRAMA DE FOMENTO AO TEATRO CAXIENSE

             Considerando o panorama teatral caxiense e compreendendo que em nosso sistema existem segundo Teixeira Coelho, quatro fases distintas para a produção cultural é que a Coordenação da ACAT propõe o Programa de Fomento ao Teatro Caxiense.
            Faremos uma breve análise quantitativa da produção teatral para melhor discorrermos em nossas propostas.

            Concepção: (aqui nos apropriamos dos conceitos de Teixeira Coelho)
           
            1a Fase de Produção: Montar o espetáculo. A montagem tem as seguintes necessidades: elenco com domínio da linguagem. Espaço físico para os ensaios. Cenários. Figurinos. Adereços. Ensaios (em média são necessárias trezentas (300) horas).

            2a Fase de Circulação: Apresentar o espetáculo nos locais em que ele irá entrar em contato com o seu destinatário, a platéia. As necessidades desta fase são: Cartazes. Programas. Transporte. Liberação do espaço físico para a apresentação. Divulgação nos veículos de comunicação. Telefonemas.

            3a Fase de Troca: Quando o destinatário (platéia) assiste ao espetáculo. Comprando ou não o ingresso.

            4a Fase de Consumo: Quando o destinatário se apropria dos significados estéticos, políticos, sociais, religiosos, históricos, etc do espetáculo.                  
    
Convém observar que quando ocorrem ações de incentivo elas raramente ocorrem pensando-se as quatro fases do sistema.
  
PANORAMA

Espaços de formação sete (06 seis privados e 01 um público):

Espaços Privados seis (livre iniciativa):

A cidade conta com quatro espaços privados de formação teatral: Cooperativa Viva Com Arte, Espaço Alternativo de Teatro, POIESIS artes cênicas e Tem Gente Teatrando.
Universidade de Caxias do Sul. Oficinas sistematizadas para o público meta. Jovens. Terceira idade. Adultos.
SESC Caxias. Oficinas eventuais e/ou periódicas. Normalmente destinadas à qualificação.    

Espaços Públicos um (Prefeitura Municipal)

O projeto GentEncena conta com seis núcleos em diferentes bairros da cidade. Fátima, São Pedro da 3a Légua, Kaiser, Reolon, Santa Fé e Serrano. O projeto prevê: formação dos agentes (domínio da linguagem), montagem de espetáculos e circulação.     

Grupos: (31 grupos teatrais)

A cidade de Caxias do Sul conta atualmente com trinta e um (31) grupos teatrais considerando aqui os seis grupos do projeto GentEncena.
Consideramos os grupos amadores e profissionais de teatro. Esses grupos apresentam uma relativa produção independente em suas áreas de atuação, teatro de bonecos, de rua e de atores. Com certeza existe um número maior se considerarmos grupos ligados a empresas e entidades. A exemplo grupos de igrejas, escolas, empresas e outros.
Percebemos numericamente uma quantidade considerável de grupos. O mesmo não pode ser dito da produção de espetáculos. Em torno de oito (08) a dez (10) espetáculos. 
Se pensarmos as condições em que os grupos montam suas peças entenderemos melhor essa contradição. O tempo médio de montagem para os grupos amadores é de mais de dois anos. Depois do processo de montagem as dificuldades para circulação (apresentações) do trabalho aumentam.
Os poucos grupos profissionais por estarem voltados ao mercado consumidor (empresas e instituições) produzem trabalhos que tem pouca visibilidade no panorama da cidade.
    
            Levando em consideração esta breve análise apresentamos as propostas e ações para efetivarmos uma política cultural para o teatro caxiense:
 
 1 – AÇÕES DE FORMAÇÃO E QUALIFICAÇÃO 1a Fase

Projeto GentEncena proposta:

Aumentar para dez os núcleos e qualificar a estrutura existente dentro das metas estabelecidas pelo projeto (formação de atores, produção e circulação de espetáculos e formação de platéia).
      
Núcleo de Oficinas da ACAT formação e qualificação dos agentes multiplicadores, oficineiros através de seminários, debates, palestras, oficinas, etc.

            Criar e desenvolver uma campanha de novos associados com os participantes do projeto GentEncena.
           
            Criação do Centro de Cenotécnica

            Criação do Site Associação Caxiense de Teatro
           
            Criação do Ano Cênico (início da temporada em março e final em fevereiro do ano seguinte)   
 
2 – AÇÃO DE PRODUÇÃO 1a Fase

Prêmio para Montagens Teatrais.

3 – AÇÕES DE CIRCULAÇÃO TROCA E CONSUMO (Divulgação/marketing) 2a, 3a e 4a Fase

Criação das temporadas e de circuitos de teatro nas casas e núcleos da cidade. Somar ações específicas para formação de platéia. 

Captação de recursos para plano de mídia.

Criação do Vale Teatro para a formalização de parcerias com segmentos de público consumidor. Tais como sindicados, associações, clubes, instituições, ONGS e agremiações a fins.   
           
De forma prática a realização do evento “Dionísio na Serra”.

Em 27 de março é comemorado o Dia Internacional do Teatro. Março é o mês de inicio. Volta as aulas. Inicio do GentEncena. Há mais de dez anos a ACAT comemora a data com diferentes atividades.

O objetivo do Dionísio na Serra é o de somar as ações que já são realizadas e qualificá-las pensando as quatro fases de produção dentro do atual sistema.

Por isso a ACAT deverá atuar juntamente com as instituições promotoras dos eventos para dar visibilidade ao mapa das ações teatrais na cidade.

De outra forma: o Dionísio na Serra fará a abertura das atividades teatrais em Caxias que serão encerradas no último dia de fevereiro do ano seguinte. Dessa forma todas as atividades realizadas no período são consideradas da Temporada Caxiense de Teatro e deverão ser pensadas em conjunto considerando-se as ações de pré e pós-produção dos eventos. Um evento deverá impulsionar o outro.

Lembrar do Funarte na Cidade, Circuito Gaúcho de Teatro, Caxias em Cena, Mostra Estudantil de Teatro, Festival Internacional de Bonecos, e outros festivais e eventos que venham a surgir.           
      
Realização do projeto Curta Circuito de Teatro” em março. Apresentações em bairros da cidade com foco nos núcleos do projeto GentEncena. Além dos debates dos grupos com a platéia após os espetáculos realizar oficinas curtas (final de semana) de iniciação nos mesmos locais divulgando as inscrições para o GentEncena.

Mostra de Teatro de Rua com grupos da cidade e convidados. Em Porto Alegre acontece uma mostra nesse período. O que facilita intercâmbios. As apresentações devem ter foco de ação para a praça Dante Alighieri.

O Cortejo dos Artistas o Palco Livre e o FesTeatro como atividades de culminância e encerramento das atividades do evento Dionísio na Serra. Com objetivos de visibilidade para a comunidade e integração e comemoração por parte dos artistas  

Debates, palestras e oficinas com temas a serem definidos pelos associados. Estas ações de formação e qualificações serão coordenadas pelo Núcleo de Oficinas da ACAT levando-se em conta o contexto sócio/econômico/cultural da cidade, estado, país e mundo e da produção artística da classe teatral do momento.          
                 
4 – CRIAÇÃO DO TROFÉU (DIONÍSIO) 3a e 4a Fase

Categoria: adulto, infantil, teatro de bonecos e teatro de rua (melhor espetáculo, melhor ator, melhor atriz, etc).

sexta-feira, 13 de junho de 2014

A Commedia dell'Arte na Formação do Ator


Na Renascença italiana, commedia dell’arte, commedia all’improviso e commedia a soggetto foram termos usados praticamente como sinônimos do tipo de teatro profissional que se opunha à “COMMEDIA ERUDITA”, apresentada por amadores nas cortes e academias. Arte essencialmente de PALCO, de desempenho, com pouco ou nenhum valor literário, a commedia dell’arte não possui raízes conhecidas. Muitas teorias procuram estabelecer essas origens, desde a que aponta a “FABULA ATELLANA” como possível fonte, até a que diz ter sido a commedia uma manifestação que evoluiu da FARSA do final da Idade Média. O que é provável é que várias tenham sido as origens e o que é indiscutível é que antes de 1600 esse tipo de teatro já tivesse se espalhado por toda a Europa, permanecendo ativo e popular até cerca de 1750. A commedia dell’arte possui duas características básicas: a organização em torno do princípio do PERSONAGEM FIXO, e a AÇÃO parcialmente improvisada. Esta IMPROVISAÇÃO, provavelmente, variava de acordo com um repertório anteriormente determinado, o que criava uma impressão de improvisação irrestrita, espontânea e de grande virtuosismo por parte do ATOR. Os principais personagens eram divididos em duas categorias, a dos patrões e a dos criados, ou “ZANNI”. Dentre os patrões destacavam-se o CAPITÃO, PANTALEÃO e o DOUTOR. Os criados compreendiam o ARLEQUIM, a figura mais popular da commedia, POLICHINELO e COLOMBINA. As companhias de commedia dell’arte eram invariavelmente itinerantes, e sua constituição, durante muito tempo, obedeceu ao esquema familiar, embora contassem também com atores contratados. O sistema de viagens compreendia a chegada à cidade, a obtenção de permissão para apresentar o espetáculo, o aluguem de uma sala espaçosa para instalar-se. Contudo, a adaptabilidade sempre foi uma constante na vida desses grupos, que muitas vezes fizeram espetáculos ao ar livre, sobre um praticável qualquer sem CENÁRIO, CORTINAS ou qualquer outro elemento cênico. Companhias de commedia dell’arte se fizeram famosas através de toda a Europa, tais como “I Gelosi”, “I Confidenti” e “I Fedeli”. A vivacidade, o humor e o estilo narrativo da commedia dell’arte influenciaram o que de melhor foi feito em termos de comédia na Europa entre os séculos XVI e XVIII. Quando o GÊNERO entrava em declínio, apelando exclusivamente para a vulgaridade e licenciosidade, alguns comediógrafos italianos tentaram preservá-lo através da criação de textos nos quais as situações tradicionais, bem como os personagens, fossem mantidos. Contudo, o espírito de um movimento de performance, não literário, não podia ser preservado literariamente, muito embora Carlo Goldoni (1707-1793) tenha criado algumas boas peças baseadas na commedia dell’arte. Dicionário de Teatro Luiz Paulo Vasconcellos.


Nas paredes da caverna Des Frères nos Pirineus, encontramos os primeiros indícios referentes ao uso da máscara. O desenho executado com traços precisos, retrata um banho de bodes selvagens no pasto. Um deles, entretanto, tem pernas e pés ao invés de patas. As mãos que aparecem parcialmente através de uma couraça empunham um arco e flecha. Trata-se, evidentemente, de um caçador disfarçado. Supõe-se que ele até se besuntou com estrume de bode para dissimular o próprio cheiro. Esta tentativa exacerbada de metamorfose revela uma certa técnica.
O ritual de disfarces através do uso de peles e máscaras de animais faz parte das tradições da maioria das culturas. Esta prática, foi aos poucos, dando origem à figura do ator: uma pessoa que dominava o uso de máscaras, embora de forma bem diferente do caçador.
Sabemos que as máscaras da commedia dell’arte encontram raízes na Grécia antiga e no romano. E é sabido que o teatro grego tomou emprestado muitas características das tradições teatrais do Oriente e do extremo-oriente: por exemplo uma máscara de Bali lembra muito o personagem Pantaleão de Bisognos; uma máscara de um homem velho que traz estampada a mesma coragem, o mesmo sorriso zombeteiro, olhos fundos e feições estilizadas.
Diante da máscara de Boccalone, o orador prolixo, um observador curioso pode ser levado a perguntar por que esta forma determinada foi escolhida ou por que a boca lembra um megafone. É importante levar em consideração as dimensões amplas do teatro grego, que algumas vezes comportava até 20 mil espectadores. O ator projetava e amplificava sua voz falando por este instrumento em formato de funil. Na verdade todas as máscaras eram feitas de forma tal que cada detalhe intrínseco prestava-se à criação de vibrações sonoras não apenas singulares com também de tonalidades variadas.
Á princípio atuar com uma máscara torna o ator constrangido e até desajeitado. Com o tempo e a prática, ele se livra desta limitação e pode até se sentir mais espontâneo do antes. Existe uma regra para quem usa máscara: ela não deve nunca ser tocada. Se tocada, desaparece – se autodestrói e torna-se repulsiva. Ver um ator tocar em sua máscara enquanto atua me dá arrepios.
Manual Mínimo do Ator Dario Fo    

Utilizo a máscara desde a infância nas brincadeiras e jogos. E no teatro não seria diferente: vários personagens mascarados.    
No período de 2 a 6 de junho participei do Curso “A Commedia dell’Arte na Formação do Ator” com Adriano Iurissevich. Uma semana convivendo com atores e atrizes de diversos grupos teatrais da cidade e de diferentes formações.
Adriano Iurissevich mostrou um mestre bem humorado os atores discípulos comprometidos. Somos melhores, Caxias e o Teatro ganham! Parabéns Míseri Coloni e Fabio Cuelli.

    
             

A Festa do pequeno grande ser

  A Festa do pequeno grande ser Estreou em 14 de janeiro de 1990                Elenco na estreia: Alceu H. Homem, Leonilda Baldi, Jenic...