quinta-feira, 29 de maio de 2014

10 Dicas para o CIRCENSE viver melhor



10 DICAS PARA O CIRCENSE VIVER MELHOR

            Artistas circenses são os detentores e produtores de um conhecimento artístico e técnico que, desde a Antiguidade, vem sendo transmitido de pai para filho de maneira prática, na convivência e labuta do dia-a-dia. Esse conhecimento é gerado pelas necessidades e peculiaridades decorrentes do fazer artístico circense e da natureza nômade de suas atividades, compreendendo técnicas de montagem e desmontagem, traslados, relações com a sociedade e os órgãos públicos e, em especial, relações entre os próprios circenses, que mantêm uma convivência muito estreita, devido à disposição das moradias em torno do circo.
            Vocês são importantes para o nosso país: como artistas e como disseminadores da arte e da cultura, que levam para recantos e comunidades mais afastados, indo realmente “onde o povo está.”
            Além de “circenses” e “nômades”, vocês são cidadãos brasileiros. Portanto, com direitos e deveres que assistem a todos os cidadãos. Para garantir seus direitos, é preciso que vocês se informem cada vez mais e se incluam nos mecanismos que a sociedade humana criou para viabilizar o atendimento de suas necessidades básicas.  
            Neste texto, enumeramos algumas sugestões que podem auxiliá-lo em busca de melhores condições de trabalho, e vida.




UM Garantir melhor formação escolar para os seus filhos, exigindo seu direito a vagas nas escolas, previsto desde 1948 pela Lei 301, de 13 de julho e pela Lei 6.533, artigo 29, de 24 de maio de 1978. Incentivar o aprendizado das crianças e jovens, implementando aulas de reforço escolar no próprio circo.
DOIS Garantir seus direitos como trabalhador, obtendo registro profissional no Ministério do Trabalho, como artista ou técnico em espetáculos de diversões. Você estará amparado pela Lei 6.533, de 24 de maio de 1978. O registro profissional pode ser obtido a partir dos 16 anos. Para isso, basta requerer o seu atestado de capacitação profissional no sindicato de sua categoria, ou seja, o Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões – Sated, situado em todas as capitais do país. Em Belo Horizonte o Sated-MG fica na Rua da Bahia, 1.148, sala 1.910, telefones (31) 3224-4707 e 3224-4743.
Em Porto Alegre o Sated-RS fica na Praça Osvaldo Cruz, nº 15 sala 912, CEP: 90030-160. Fones: (51) 3226-1921 | 3226-0675 | 3227-9608
TRES Garantir a sua aposentadoria pagando previdência social, por meio da contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, como AUTÔNOMO. O pagamento o INSS como autônomo garante a continuidade das contribuições e o direito à aposentadoria. Para se cadastrar, basta procurar um órgão do INSS em qualquer parte do país. Todo cidadão tem direito à aposentadoria por idade; procure amparar seus idosos.
QUATRO Valorizar as crianças e os idosos. As crianças são o futuro do circo e devem ser bem preparadas para lidar não só com os números artísticos, mas com todas as situações inerentes à natureza do circo. Os idosos são os mestres, portanto os detentores e transmissores dos saberes do circo. São os mestres que garantem a continuidade das atividades circenses.
CINCO Informatizar-se para incluir-se melhor nas ações da política cultural e no mercado de trabalho. Unir-se em associações para se fortalecer politicamente, como profissional e como categoria. Informar-se sobre a Associação Brasileira do Circo – Abracirco, que fica na cidade de São Paulo, telefone (11) 3337-6008; a Associação de Famílias e Artistas Circenses – Asfaci, com sede em Araraquara, SP, telefone (16) 3335-7216, e a Rede de Apoio ao Circo, em Belo Horizonte, MG, telefones (31) 3441-2632 e 8825-4673. Informar-se sobre a Câmara Setorial do Circo criada pela Fundação Nacional de Arte – Funarte, que tem discutido políticas para o setor, telefone (21) 2273-2144 – Coordenação Nacional do Circo, coordcirco@funarte.gov.br
SEIS Dialogar com artistas e moradores das localidades por onde passar, implementando parcerias, visando à criação de escolas de circo e núcleos de apoio ao circo. Os integrantes das escolas e núcleos de apoio poderão facilitar o cumprimento das exigências burocráticas e o acesso a terrenos pra todos os circos, intermediando também a inclusão de artistas circenses em projetos culturais locais.
SETE Deixar o terreno ocupado pelo circo em perfeitas condições. Saldar suas dívidas. Isso abrirá as portas das cidades para outros circos. Pense que “o outro” circo um dia poderá ser o seu, voltando à cidade, ou o circo do seu filho ou o do seu neto. Assim você estará garantindo o futuro do circo.
OITO Procurar os órgãos de cultura e/ou os artistas das cidades por onde passam para se orientar sobre políticas culturais locais e demais formas de fomento e apoio ás atividades artísticas, como as leis de incentivo à cultura.
NOVE Buscar parcerias para criar escolas de circo nas cidades onde tiver parentes que não estejam itinerando. Isso pode gerar uma nova abertura no mercado de trabalho para os circenses, especialmente os mais velhos. Ministrar oficinas de circo nas comunidades que percorre, atendendo escolas ou artistas, transformando os períodos de pausa circense em espaços produtivos, de modo a gerar uma nova fonte de renda.
DEZ Registrar-se como grupo ou empresa. Contratar formalmente seus empregados, cumprindo legislação trabalhista.         





Realização Sated-MG; Rede de Apoio ao Circo; Sula Kyriacos Mavrudis; Acréscimos Antonio Jorval.   

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Texto para estudo Os neoliberais dramaturgia e teatro




Texto para estudo Os neoliberais Teatro e dramaturgia 

 Conheci o texto “Os neoliberais” em 2.000. Já na primeira leitura veio a mente a questão: forma dramática ou forma épica? Vou usar as indicações através das quais Brecht compara a forma dramática e forma épica de teatro:





         Forma dramática                                      Forma épica
1 Realiza-se através da ação                               (...) narração
2 Envolve o espectador                                       Torna  o espectador em observador
3 Gasta-lhe a atividade                                     Desperta a sua atividade
4 Possibilita-lhe emoções                                    Força-o a tomar decisões
5 Dá-lhe vivência.                                               Dá-lhe uma concepção do mundo.
10 O homem é pressuposto como conhecido      O Homem é objeto de pesquisa
19 Emoção                                                            Raciocínio

A lista de indicações é maior. Estas servem como exercício para uma primeira e rápida leitura. Em breve volto ao tema com novas abordagens. E leituras dramáticas. Segue então o texto do Lobo. Outros podem ser encontrados em http://www.olobo.net/
 




Antonio – O senhor mandou me chamar, doutor Rocha?

Dr. Rocha – Mandei, Antonio. Infelizmente, devido à crise do mercado, muito a contragosto, terei de demiti-lo.

Antonio – Doutor Rocha, eu estou no meio de um trabalho. Será que não poderíamos conversar sobre isso na hora do almoço?

Dr. Rocha – É claro que podemos, mas infelizmente nada do que você disser poderá modificar a situação.
Na hora do almoço, Antonio estava novamente na frente do dr. Rocha.

Antonio – Doutor Rocha, como trabalho aqui há mais de oito anos, tenho mais de 50...

Dr. Rocha – Você não é o único, Antonio, a situação está ruim para todos.

Antonio – O senhor não entendeu, doutor Rocha. Quis dizer que pelos anos de dedicação à firma, achava que tinha direito a lhe fazer algumas perguntas.

Dr. Rocha – Pois faça-as.

Antonio – O senhor gosta de coisas singelas como flores, pássaros, o orvalho nas plantas, riso de crianças pequenas? (Antes que o patrão pudesse responder, Antonio continuou.) Gosta de fazer amor com uma bela mulher, de cavalos correndo no prado, de ver o nascer do sol, de olhar para as estrelas?

Dr. Rocha – Claro que gosto, Antonio, só não estou entendendo...

Antonio – Só mais uma pergunta.

Dr. Rocha – Está bem, mas seja breve, pois tenho uma reunião de diretoria e ainda preciso examinar alguns papeis.

Antonio – O senhor acredita em Deus, doutor Rocha?

Dr. Rocha – Claro que acredito.

Antonio – Pois está na frente dele.

Dr. Rocha – Você enlouqueceu, Antonio?

Antonio – Não enlouqueci, não. Até duas horas atrás eu não era Deus. Era apenas Antonio Pinto, contador, casado, mulher e quatro filhos, um deles autista, com dividas para pagar e muito medo de perder o emprego, pois dificilmente encontraria outro depois dos 50 anos. Aí, quando saí do seu escritório, fui até em casa, peguei este revolver e me transformei em Deus. (Neste momento, Antonio tirou do bolso um Smith&Weston calibre 38 e apontou-o para a testa do dr. Rocha). O senhor é um dos homens mais ricos de São Paulo, tem mulher, amantes, viaja varias vezes ao ano á Europa, uma vida muito boa. Já minha é triste e monótona. Lembra-se daquela história de estrelas, nascer do sol, flores e pássaros? (O dr. Rocha, mudo de terror, olha para o revolver). Será que vale a pena perder a sua vida para me desempregar? Pense bem, se eu morrer, não perco nada. Se o senhor morrer, perde tudo. E quem vai decidir isso sou eu, pois virei Deus. (O doutor Rocha ajoelha-se diante de Antonio.)

Dr. Rocha – Não faça uma loucura dessas, seu Antonio. Diga o que o senhor quer que terei o maior prazer em atendê-lo, o que quiser. Por favor, tenha piedade. Diga o que quer!

Antonio – Gostaria de deixar de ser Deus e voltar a ser o seu escravo. Que tal? Posso?




Fausto Wolff, pseudônimo de Faustin von Wolffenbüttel Santo Ângelo, 8 de julho de 1940, Rio de Janeiro, 5 de setembro de 2008 jornalista e escritor.

A Festa do pequeno grande ser

  A Festa do pequeno grande ser Estreou em 14 de janeiro de 1990                Elenco na estreia: Alceu H. Homem, Leonilda Baldi, Jenic...