segunda-feira, 16 de julho de 2007

Jorval Conta... III Jornada

Julho de 2007, ano mago branco lunar.

Jorval Conta...
De 26 a 29 de julho vou estar na Casa da Cultura. Vão ser quatro dias para encontrar amigos. Motivo? A arte. As sessões acontecem às 20 horas na quinta e sexta-feira. Às 19 horas no sábado e às 18 horas no domingo. Ingressos: R$ 10,00. Estudantes, classe e Feliz idade pagam meio.


III JORNADA

A novidade nesta terceira jornada que inicia em 26 de julho é o pré e o pós-espetáculo.
O pré-espetáculo inicia uma hora antes do espetáculo e é o momento de mostrar para os amigos interessados de quais exercícios faço uso para sensibilizar o corpo do ator.
O pós-espetáculo e para comungar com os amigos que quiserem as impressões sobre o espetáculo.


Jorval Conta...
Nascido em 08 06 1997, Antonio Jorval O pseudopoeta Redundante do cotidiano é um andarilho que percorre o mundo colhendo e distribuindo historias.
Leva consigo uma mala de garupa onde guarda causos, lendas e mitos. Traz em si a herança dos cantadores e menestréis.
Durante o encontro Jorval conta como as estrelas formaram o Cruzeiro do Sul, a lenda o Sepé Tiaraju e de que maneira podemos achar objetos perdidos no campo, a lenda do Negrinho do Pastoreio.

Alquimia Teatral

A primeira idéia é a do simples. Do mínimo. Mínimo cenário. O cenário é o ambiente onde acontece a atuação. Mínimo de figurino. O ator está vestido com a roupa criada a partir do traje tradicional (folclórico?), do gaúcho. Simples a ponto de ser usada no dia a dia e causar certo impacto! O texto? O texto é a primeira provocação. A segunda a música. Mas a intervem/atuação? Será a partir da entrada do ator tocando e dançando no ambiente/cenário. Teatro é a ciência do ato. Poeta Zé do Rio. Essas questões nascem de uma primeira indagação: Como medir a intensidade da relação ator platéia? A intensidade dessa relação depende dos recursos que são usados e pela proposta do artista. Mas a pergunta permanece como medir? Como mensurar? Em níveis cartesianos não é possível. Então passamos para a física quântica e a alquimia.


Transbordamentos da mente Gaia, a rede planetária avança em harmonia. Outra boca cala em mim. O que falo cala em outra boca? Que bocas falam em mim. Sei de bocas que falam de mim. Falos em bocas. Não sei das bocas que falam de mim. De mim e outra boca cheiro de jasmim. Algumas bocas um jardim. Outras o Pasquim. Milhares delas em Pequim. Pra outras em carmim. Boca cabo boca. Por vezes não caibo em MIM carminar. Carmesim. Carmear: verbo transitivo. Desenredar, desfazer os nós de. Carme: substantivo masculino. canto: versos líricos, poema.


Teatro Experimental Revolucionário

          A construção do eterno efêmero. Mais de uma década passou. Vários espetáculos montados. Metros de tecidos. Quilômetros rodados. Dezenas de atores. Centenas de apresentações. Milhares de espectadores. Um só caminho? Em dezenove de setembro de 1987 nascemos com a necessidade de experimentar diversas técnicas teatrais e revolucionar a nossa condição de artistas. Hoje mais do que ontem reafirmamos essa necessidade.
Sabemos que o diferencial básico do teatro, em relação às outras artes, é a presença física do ator no aqui e agora com o público.
           Teatro é a magia do encontro. Teatro é a expressão real do que o homem vivencia no tempo e no espaço: na vida.
           Cada um de nós tem de encarar a sua própria existência, de escrever, em atos e palavras seus sonhos no cotidiano, transformando-o. Quem nada percebe, nada encena, apenas faz parte de outras peças que o cercam. Triste fim!


Ficha Técnica

Texto e direção
JORGE VALMINI


Musico
Violão e voz
CLEBER LUZ

Figurino
LEONILDA BALDI


Criação gráfica
MIGUEL BELTRAMI

O contador de histórias
um trovador no III milênio


Conto histórias. Comecei a contar histórias ainda criança. Como toda e qualquer criança. Existe uma criança qualquer? Amador de teatro conto a história de um Moleque de Rua. Durante dois anos atuamos em diversos espaços de nossa polis. E os moleques continuam na rua. Mais tarde conto à história de um mendigo incendiado. Os incêndios continuam. Não vamos desesperar. Conto histórias de alegria também. Eu sei que é difícil acreditar, mas também de alegrias. Atualmente me preparo para contar duas histórias. Uma de um índio que luta contra certos europeus que querem novas terras, novos ouros. A outra de um jovem escravo negro que depois de morto torna-se lenda-santa. Mas que jamais será canonizado. Como acontece há anos, vou contar essas e outras para muitos sorrisos e olhares. Haverá sorrisos. Sorrisos tímidos. Contidos. Abertos. E de olhares também. Serão descuidados. Atentos. De crianças que torcem por um ou outro time de futebol. Verão minhas histórias homens desta ou daquela religião. E também ateus. E a religião é o prazer. Haverá olhares de mulheres promiscuas. De Maria. De castas. E até alguns poetas, cineastas, loucos, filósofos, escritores, bailarinos, músicos, bêbados e não poderá faltar a gente de teatro. Entre operários de fabrica, estudantes e professores ouvirão murmúrios, e silêncios ( ), vazios.
Serão histórias contadas em praças, parques, bares, escolas, ruas, festas, sindicatos, fábricas e também nos teatros redondos, quadrados, caretas e arenas. Assim como é feito a milhares de anos pela nossa família de saltimbancos, e cantadores.
Nessas histórias eu e a platéia vivenciaremos também a nossa. E dessa vivência com certeza aprenderemos. Assim como tem sido. Assim como será. Estou eu aqui cantando pela paz. E um carro bomba explode na faixa de gaza. Aqui brincamos com bonecos reciclados. E no Iraque um homem é amarrado com dinamite e executado para aplausos militares. O sol nasce também em Copacabana. E no morro? Eu contando histórias. Uma criança acha graça e ri. Que sonhos e imagens nesse sorriso?
Vejo-me em saixac. Em cada uma das pessoas que passam por mim. Quantas vidas. Quantas histórias. E por isso penso por que as contamos? E penso quais, de que maneira? Que técnicas? Que flor entregar para aqueles que sonham com o baú da felicidade? E assim passo meus dias. Perguntas e performances. Atuações. Afinal sou um dragão vermelho auto-existente.

Bem se você leu até aqui será recompensado os autores que seguem são eloqüentes.
... Então, que estes jovens que escolheram o teatro provem a cada dia a necessidade de sua escolha, (...) Que se depare com um ofício que impõe exigências tão inumanas que somente alguns resistem: aqueles animados por uma necessidade irredutível; aqueles que não se contentam com soluções superficiais; as bestas de trabalho que aniquilam a inércia que se satisfaz com resultados superficiais. São aqueles que com seu próprio eu, com seu corpo e sua alma, chegam ao julgamento final sobre eles mesmos como representantes de uma sociedade que continua anunciando: “amarás a teu próximo”. E que cheguem a isso sem caos, sem exageros, sem transbordamentos emocionais, porém com lucidez e sangue-frio. Não se trata de ser missionário ou artista original, trata-se de ser realista. Nosso oficio é a possibilidade de mudar a nós mesmos e desse modo mudar a sociedade. Não é preciso perguntar-se: o que significa o teatro para o povo? Esta é uma pergunta demagógica e estéril. É preciso perguntar-se: o que significa o teatro para mim? A resposta, transformada em ação, (...) será a revolução no teatro. 1

O teatro
é o estado,
o lugar,
o ponto,
onde se aprende a anatomia
humana,
através dela se cura e se rege a vida. 2

“Temos de acreditar numa compreensão da vida renovada pelo teatro, um sentido da vida em que o homem, sem receio, se torne senhor do que ainda não existe e lhe dê existência”.
“A tudo que não nasceu pode ainda ser dada vida, senão nos contentarmos com permanecer meros organismos com funções de registro”.
“Além disso, quando pronunciarmos a palavra” vida “deve ficar bem claro que não nos referimos à vida como a conhecemos superficialmente, mas sim a esse cerne frágil e variável que as formas nunca alcançam”.
“E se, no nosso tempo, algo há ainda infernal e verdadeiramente maldito, é nossa insistência artística nas formas em arte, que nos impede de ser o que deveríamos, vítimas queimadas na pira, a transmitir sinais por entre as chamas.” 3

1 Eugenio Barba; 2 e 3 Antonin Artaud

agosto de 2003, saixac od lus
Antonio Jorval

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